Se peco na
necessidade de agradar sem saber a
quem,
É porque para mim um
paraíso assim não faria tão
bem.
Quantas vezes preferi os
dias, e as tardes, esquecendo o
sono...
por confiar sempre mais
em meus olhos do que em meus
sonhos.
E se por medo, julguei
errado as vezes que quis
continuar, é porque não havia em
mim nada mais que eu pudesse lhe
entregar.
Quando o inferno de maio
chegar, deixe que no próprio maio
ele se consuma. E lembre-se de
tudo que deixei de lhe dizer hoje,
antes que o próprio hoje suma.
E
assim, entre confissões e velhos
planos, durma. Durma.
Durma,
pois enquanto o pensamento
descansa, a alma fortalece. E
somente o sono pode curar aquele
que de saudade padece. E seria
sua, a minha paz, se em mim algum
paraíso houvesse.
Mas sou inferno,e você, água - que evapora quando
em meu fogo se aquece.
E desaparece, refazendo-se nuvem,
ansiosa por esgotar-se. A mim -
que sou mais terra - resta apenas
satisfazer-me com as verdades.
Pois se não tenho capacidade de
subir aos céus pra saciar minhas
vontades.
Ficarei ao chão,esperando que venhas até mim, pra
espalhar-se com velocidade.
Purificando cada pedaço meu, como
se nascesse pra morrer nesse
singelo ato nobre. Dando-me,
assim, a chance pra que eu me
torne céu, ao menos antes que você acorde.
E acordar todos os dias de maio seu, nesse infinito segundo
repetido em que vivo.
E assim,entre previsões e novos passos,
enfim, descobrir o meu real
sentido.
Pois se peco na
necessidade de agradar sem saber a
quem,
É porque para mim um
paraíso assim não faria tão bem.