Sou desses tauras que madrugam no serviço
Nesse ofício de tropear sempre disposto
E quando a aurora vai bordando seu início,
Antes do vício, passo água no meu rosto.
Angico Bueno num "foguito" se extravasa
Pra um "topetudo" com sabor de liberdade
E a carne gorda que vai pingando na brasa
Vai me dar vaza e um sustento de verdade.
Enquanto os bichos anunciam a alvorada
E a madrugada traz aromas pro sereno,
Assoviando uma "coplita" bem largada
Pego a estrada ao tranco do pingo Bueno.
"Eu sou gaúcho, ta na estampa e no meu jeito,
Sou Missioneiro, pêlo-duro, do interior
E repontando a tradição vou satisfeito
Pois meu preceito anseia a paz e o amor"
Pouco me importa o minuano e o mormaço
Pois no que faço tenho gosto e vocação,
Chapéu tapeado e na força do meu braço
Estiro o laço e pialo até assombração.
Sou peão de estância apegado nos arreios
Nas campereadas que pra mim são um regalo,
Tiro de laço, marcação, doma ou rodeio,
Eu tô no meio pregado no meu cavalo.
Que coisa linda este ofício tosco e puro
No qual me amparo no compasso das chilenas
E honrando o pago, meu Rio Grande pêlo-duro
Eu vou seguro enfrentando esses torenas.