Mateando quieto no oitão do rancho
De tardezita, quando o sol se vai,
Relembro coisas do sistema antigo
Que hoje em dia não existem mais.
Até parece que escuto o apito
Do trem magiar lá na ribanceira:
Rasgava o pampa a “maria fumaça”,
Mais conhecida por “trem da fronteira”.
Nas noites calmas matava o silêncio
Pelas canhadas da terra “paisana”:
Era o progresso montado nos trilhos
De porto alegre até uruguaiana.
Hoje a tristeza, que a lembrança turva,
Arrinconou-se na velha estação
Junto à saudade, que apitou na curva,
Anunciando o último vagão.
Recitado:
Junto aos dormentes, a engolir distância,
Os trilhos rompem a imensidão...
E nós quedamos, sufocando a ânsia,
Sem compreender e sem achar razão
Pra os que embarcaram, no trem da ganância,
Um patrimônio de toda a nação.
Partindo cedo de santa maria,
Em dilermando - primeira parada,
No cacequi, passo novo e alegrete,
No plano alto, depois na charqueada.
Quantos recuerdos das composições
Que serpenteavam pela geografia,
Do trem pampeiro que acordou fundões
Destas paragens para um novo dia.