Sei, eu estive tão ausente
que quase me dei asas.
E eu sei,
persisti em manter nossa casa
no olho do furacão que me cercou e fez
ver o sangue dos erros
cobrindo nossos passos outra vez.
E eu finjo entender
o que resta de meu mundo
entre os cortes e pontos
que o sopro maldito fez
em furos no papel
e escarro nos olhos
pra que não ouse esquecer
por um segundo sequer.
Vê, um demônio se arrasta
e te beija em tua cama.
E vê, teu desejo é tão claro que cega.
Então dança outra vez nossa música
e deixa o mundo varrer
os copos que derrubamos outra vez.
Abre a janela e contempla
a ciranda das lâminas que aguardam
nossa fome só pra ter
um sentido qualquer nessa
piada infame de pecados e perdão
que insistimos em manter.
É repetição é repetição é repetição...
Então vem e esquece que eu sei
tanto quanto você.
Me abraça e diz as mentiras
mais verdadeiras que possam me fazer
sorrir quando acordar a teu lado
e não mais lembrar quem sou.