A poucos dias passados eu recebi um bilhete
Pra correr meu petiço com o cuiudo do Alegrete
Tratado só com alfafa, ração e milho catete
Pousava na estrebaria e lavavam com sabonete
Como não creio em feitiço
Mandei prender o petiço pra delgaçar no piquete.
E o cuiudo esta cansado dá pra correr até de a pé,
As éguas estão relichando pra o petiço de Bagé.
Vamos correr em São Pedro la na cancha da água boa
No domingo amanheceu dando uns pingos de garoa
Mesmo assim ajuntou três ou quatro mil pessoas
E o prefeito da cidade e também a sua patroa
E a prenda de chiliquá
Esperando entregar pra o vencedor a corroa.
Chegou de capa e biqueira, entraram cheio de bossa
Eu fui buscar o petiço que estava solto na praça
Miudinho arrepiado, fucinhudo e cola grossa
Quem olha assim imagina que é matungo de carroça
Mas corre que se desmancha
E quando ele entra na cancha não tem demônio que possa
Parece que o meu petiço me mandaram de encomenda
Quando sai do partidor credo em cruz que nos defenda
Nesta carreira eu ganhei cavalo, gado e fazenda
A corroa de campeão e um pala cheio de renda
Depois eu fui chimarrear
No CTG Taquatiá nos braços daquela prenda.
Alo dono do cuiudo se acaso me considera
Já sabe que sempre fui uma pessoa sincera
Sou trovador Moraezinho o memso guasca que eu era
Se cuiudo e bom de pata o meu petiço é uma fera
Quem quiser outra carreira
Do litoral a fronteira, marca o lugar e me espera.