Sou dono dos meus arreios
E é deles que eu vejo o mundo
Seja no campo do fundo
Ou no potreiro da frente
Foi neles que me fiz gente
E aprendi todo o serviço
E a honrar os compromissos
Que faz de nós diferentes
Trago a espora sempre atada
Só sai quando sai a bota
Pra tirar zebu da grota
Ou rosetear um mal costeado
Pra recorrer o banhado
Campereando o gado manso
E o doze braças que tranço
Não se queda remalhado
(Somos homens dos arreios
Somos povo do cavalo
Cacho atado a cantagalo
E um estampão pacholento
De laço atado dos tentos
Cincha no osso do peito
Se faz o que é pra ser feito
Depois se vê o fundamento.) Bis
Quem é dos arreios sabe
Das luas e benzeduras
De tropas e suas lonjuras
Do tempo e da natureza
Da fronteira e a sua grandeza
Da imensidão que fascina
E dos caprichos da china
Ternura, fibra e beleza
De boina ou chapéu tapeado
Touro do mesmo rodeio
Habitantes dos arreios
Crioulos de um pago santo
Que se remonta, no entanto
Se contestam a procedência
Dessa campeira vivência
Que brota do nosso canto
É dos arreios que eu tenho
Firmes em força na perna
Meus cavalos, quem governa
É a rédea na mão canhota
E o bocal que só se afróxa
Quando o potro pede o freio
E só quem é dos arreios
Sabe das doma e suas voltas