A milonga é meu cavalo
Meu motivo musiqueiro
De calar e conversar
Não tem nada mais gaúcho
Dá serviço até pro cusco
Milongueando pra matear
Enquanto escrevo a la cria
A poesia lambe a cria
Nas estâncias dos meus versos
Passo um tento no meu laço
Engraxo as cordas de baixo
Pra amanunciar quando quero
A milonga é meu cavalo
Corcoveando com os “arreio”
Mandando lombo “no más”
Me agrada parar rodeio
Com as ideias pelo meio
Campereando meus iguais
Trago no olhar dos amigos
Uma ansiedade de tiro
E uma saudade de mim
Procuro a volta da prosa
Sem nunca errar a bolada
Das estadas donde vim
Milonga meu mundo
Meu fundo de campo
Meu potro sobreano
Ainda guri
Milonga meu sonho
Milonga meu pranto
Meu tanto guardado
Que eu nunca perdi