Eu tenho as mãos calejadas
Algumas rugas no rosto
Aqui sou burro de carga
E nem sou dono de mim
Eu tenho todo o espaço
Que os olhos podem tomar
Mas não consigo um pedaço
Que seja meu pra plantar
Não me facina o luzeiro
Que eu possa achar na cidade
// Eu busco um prato de vida
E um gosto de liberdade //
O que me leva é o desejo
De me enxergar como igual
Aqui sou mero instrumento
Usado por serventia
Nas safras eu me alimento
Do gado sou dependente
Lá fora, por meu trabalho
Talvez eu venha a ser gente
Não levo sonhos na mala
Nem vícios de valentia
Eu sei, me espera uma adaga
Que pode matar-me um dia
Me jogo inteiro assim mesmo
De corpo e de coração
No espelho das avenidas
Operario, e não peão