Eu não quero ver mais um pingo d’água do teu olho
Desenhando um rio negro de rímel pelo rosto
O que faz você feliz
O que o Arnaldo Antunes diz
Em você ecoou
Te fez pensar
Te atravessou
Você quis tanto vencer
Só pra tentar esquecer
Da tempestade que um dia
Levou a doce menina
Quando passou a entender
Qualquer lugar bem longe
Era melhor que a doentia
Antropofagia em família
Eu não quero ver mais um pingo d’água do teu olho
Desenhando um rio negro de rímel pelo rosto
Mas como pode ver
Não adiantou correr
Há um passageiro homicida
No banco de trás da tua vida
Eu te peço, então, querida
Pare esse carro!
Decida!
Diga a esse passageiro louco
Que tens o tempo todo
Para ouvir-lhe dizer
Por mais que doa em você
Reviva esse caminho torto
Faça esse avesso de aborto
Porque eu não quero ver mais um pingo d’água do teu olho
Desenhando um rio negro de rímel pelo rosto