Pane
entre o hoje e o amanhã nos movemos
e sempre vamos sós com o que temos em nós
e da altura de nossos sonhos,
um arco-íris e dois olhos tão tristonhos
já medimos a vida em gestos e atitudes,
queremos beijos, às vezes soam tão rudes;
queremos ventos, às vezes são temporais;
sentimos dores, e de repente doem mais
somos de carne e de tempos sem noção
de qualquer tempo que comanda a ilusão;
pequenos fios inflexíveis emaranhados
do ontem aos nossos planos abortados
malogrados, suprimidos, abolidos
desistidos, fracassados
pelo ralo escorridos
eliminados humilhados
beijando a lona do tatâme
entrando em pane
em pane, pane, pane
pânico.