Me diziam: "ei você vai ser o que?"
Me ensinavam a desejar ir pra TV
Preta pobre vai dançar o balancê
Ser juíza ta bem longe de você
Me podavam, não me deixavam crescer
A todo custo tentavam me embranquecer
Guanidina, "formoliza", vê se passa um henê
Queriam tudo menos me reconhecer
Eles faziam chacota com black
Na escola eles pintavam o sete
Professora omissa ria dos moleque
Reflexo social, verdadeiro mate-xeque
Projetaram minha imagem distorcida
Me viam nula quando eu já era Frida
Me pisaram, me humilharam, me tiraram da lista
Quanta ingenuidade, me fizeram feminista!
O céu do céu não é o limite
Jogo pra ganhar, vê se não duvide
SD, origem, eu já to no pique
Preta de outras vidas, I'm brazilian bitch
De vielas, favelas, vim representar
Ludmilla, Beyoncé, Minaj, Conká
Delsanto e seu bando com sangue no olho
Telepata da rima, fechado com os lobo
4P bolado, to nas internê
Do youtube ao rádio, ou no Mais Você
A preta tomba mesmo, é pra tu saber
Honra pra quem é, nem vem se crescer
Now let's get in formation, arrepia, sensation
Preta ostentation, go to money station
I'm a goddess criation, um salve Dandara
Acelera o passo, se não o bonde passa
"A todo tempo querem me fazer chorar
Só oque eles querem é me fazer atrás voltar
Se pro céu eu não for, o inferno erguer eu vou
Fazer de império o féu que quase me matou"
Eles riem de mim, falador é assim
Fazem plantão na encolha pra falar mal de mim
Não vim aqui a toa, não to de brincadeira
Não sou morena fraca, aqui é mulher preta!
Resistência, "no" grelomolecência
Mantendo a essência, criando tendência
É marrenta, perdeu a inocência
Tornando influência, toda advertência
Em ser o que é, cê sabe qual é?
Não sou sua empregada nem sua mulher
Todas essas sinhás eu já botei no pé
Força de Iansã, que guia minha fé
Queriam uma bela, recatada, do lar
E na Casangrande a cozinha ocupar
Hoje sou motivo da sua audiência
Delsanto no topo mostre reverência
Voando alto pela city no G6
Chanel, Victoria, Lancome e a Nix
Eles bolam quando a preta muito consome
Traz os malote, os rap, os groove, Ciroc e o meu homem
Só oque eles querem é me fazer atrás voltar
Se pro céu eu não for, o inferno erguer eu vou
Fazer de império o féu que quase me matou
Só oque eles querem é me fazer atrás voltar
Se pro céu eu não for, o inferno erguer eu vou
Fazer de império o féu que quase me matou