Para onde é que vão
Os guarda-chuvas perdidos?
Quem é que já se sentiu
No mundo, assim: tão sozinho?
Quando é que acabará
A escravidão dos bichos?
O som das perguntas se entrelaçava
Com o som do assobio
A lebre que correu
Na erva que arranhava
O dia se encolhendo
Na noite que chegava
O beijo que não deu
Na menina que esperava
Olhou, disfarçou, desistiu
Ela, então, escolheu outro cara
E tudo o que ele tinha era um cachorro e a mochila
E tudo o que ele tinha era um cachorro e a mochila
E nem sabia que a saudade lhe visitaria
E nem sabia que a saudade lhe visitaria
No dia em que a linha partiu
Na escama do peixe graúdo
E quando a palavra falhou
Feito um canarinho mudo
Pensou em abandonar-se às águas
Pra ver o que ali encontrava
Entregar-se assim ao rio
Desvendar mistérios fundos
Tudo isso se passou
De um modo estranho e bonito
Foi apenas um instante
Mas ressoa no infinito
Quando é que vão calar
A paixão e outros gritos?
Menino na margem do rio, caminhando
Com as pernas de palito