lá fora o sol está descendo pelo horizonte
e eu aqui parado atrás desta janela
deixo a saudade bater forte como se fosse um chicote
dilacerando a minha carne a fundos cortes
não vejo o sol mas imagino ele descendo lento
porque, por entre as frestas deste apartamento
deixo vazar meu pensamento e me transporto em suas asas
e chego a ver o pôr do sol da minha casa
que vontade de estar de novo
entre as coisas simples do meu povo
ver o sol beijando a flor do laranjal
se eu pudesse estar em casa agora
juro que esse sonho era verdade
me entregando de presente a um pôr do sol
meu corpo dói como se a noite me trouxesse a morte
porque, por trás dos muros da minha saudade
vejo morrer a fantasia de uma lembrança fugidia
quando em silêncio a noite vem render o dia