Num fundo, ermo de campo, onde quem cruza se vai
Quase costeando o uruguai, num rincão desses comuns.
Existe um silêncio eterno, de se “escutá” o pensamento
E uma porteira do tempo, que dá caminho pra alguns...
A vida tem alma de estância, e conhece cada picada.
Recorre toda a invernada, quando a quietude repecha
Vem buscar sua verdade, no que não tem argumento
Onde a porteira do tempo, só dá razão pra quem fecha !
Onde se invernam saudades, dessas que a gente constrói
E ninguém sente que dói, por lhe guardar no passado
Tem um palanque cravado, no campo do esquecimento
Pois a porteira do tempo, só dá cruzada pra um lado !
E neste fundo de campo, “adonde” fiz meu rincão
É que existe um coração, ferido a ponta de sabre
Que se curou por solito, mas não cuidou sentimentos
Vendo a porteira do tempo, só dar destino a quem abre.
A retranca é mais pesada, por fechada a vida inteira
Tem entre a trama e a tronqueira, um cadeado em abandono
Só que lhe cortem os fios, pois só cruza o adeus do vento
Porque a porteira do tempo, só dá o limite pra o dono.