O senhor Silvério Dias
Foi um homem fazendeiro
Forte criador de gado
Tinha muito dinheiro
Só que ele não confiava
Nem no banco brasileiro
Na sua casa guardado
Tinha muitos mil cruzeiros
Dinheiro era seu inimigo
Por isso ele foi traído
Por um homem desconhecido
No traje de um boiadeiro
Pois um homem boiadeiro
Na sua casa chegou
Logo entraram em negócio
Comprou o gado e pagou
Contando algumas vantagens
O seu Silvério acreditou
Ofereceu um curativo
Seu Silvério aceitou
Silvério sendo um homem ativo
Não desconfiou do perigo
Acreditou no inimigo
Fingindo ser curador
A noite teve sessão
A família acompanhou
Cada um com um copo d’água
Que este homem temperou
Quatro copos e quatro velas
Que este homem envenenou
Na hora do seu mandado
De uma vez tudo virou
Quatro copos e quatro velas
O casal foi ele e ela
Morreu as duas donzelas
Que o seu Silvério criou
Deu uma busca no cofre
Muito dinheiro encontrou
Numa lata de mamona
Este o ladrão não achou
Dinheiro de sua esposa
Que tanto ela trabalhou
Segurou e não valeu nada
Foi outro que aproveitou
Não encontraram na gaveta
Mais oitenta conto em letras
Que ladrão cheio de treta
Roubou tanto e ainda deixou
A casa amanheceu fechada
Fechada mesmo ficou
Bezerrada da mangueira
O dia inteiro berrou
Ajuntaram a vizinhança
Pra ver o que resultou
Olhar alguma novidade
Este homem não viajou
Não frequentava diversão
Pra não gastar nenhum tostão
Foi morto por um ladrão, ai
A sua fortuna deixou