Sou grito do quero-quero
No alto de uma coxilha
Sou herança das batalhas
Da epopéia farroupilha
Sou rangido de carreta
Atravessando picadas
Sou o próprio carreteiro
Êra boi, êra boiada
Sou velha cambona preta
Dependurada nos tentos
Sou o chapéu do domador
Tapeado de contra o vento
Sou rancho de pau-a-pique
À beira de uma estrada
Onde descansa o tropeiro
Pra seguir sua jornada
Sou a cor verde do pampa
Nas manhãs de primavera
Sou cacimba de água pura
Nos fundos de uma tapera
Sou lua, sou céu, sou terra
Sou planta que alguém plantou
Sou a própria natureza
Que o patrão velho criou