Eu sou um velho vaqueiro
Fãs de verso e vaquejada
Vou contar em poesias
A minha vida passada
Daqueles tempos pra hoje
Restam saudades mais nada
Com a mente perturbada
Eu trago em meu coração
Saudade de vaquejadas
E corridas de mourão
Sinto uma dor cruciante
Da velha recordação
Lembro a casa do patrão
É antiga moradia
A fazenda verdejante
Os currais e vacaria
Onde eu desleitava as reise
Pelas manhãs todo dia
Nas vaquejadas corria
Com meus amigos vaqueiros
Dei muitas quedas em garrotes
Nos baixinhos e nos oiteiros
Farrei, dancei, namorei
As filhas do vaqueiros
Hoje aqueles tabuleiros
Todos diferentes são
Acabo-se o bebedouros
Morreu também o patrão
Gato não existe mais
Nem festa de apartação
Aquele velho mourão
O tempo quis dar-lhe fim
Rolou-se o tronco e o mesmo
Hoje embola no capim
Nele mora o mangangá
A lagarta e o cupim
Um carro de boi no fim
Sem ter roda nem guiada
Um arado que a ferrugem
Já fez sua morada
Um chocalho sem badalo
No alpendre da calçada
Relembrando vaquejada
Hoje a saudade me ataca
Da bezerrama no pasto
E do mugido das vacas
Um velho chifre de boi
Na cabeça d'uma estaca
Já que a saudade me ataca
Tenho que suportar ela
Guardei meu chapéu de corro
Espora, gibão e cela
Pra um dia quando eu morrer
Servirem todos de vela
Quando eu morrer quero a cela
Meu gibão, o meu chapéu
As rédeas do meu cavalo
Para me servir de véu
Eu quero é chegar de trajes
De vaqueiro lá no céu