Em guerra numa cena de jogo
Apostas tinham poder de fogo
Cifras escravizadas pagavam ilusão
Olhares vidrados nem sentiam o coração
Surgiam escudos entre dissimulações
A fumaça do charuto, não provocava distrações
Mas dava pra escutar as batidas nervosas
De uma velha bota no ritmo do som da gota
De uma chuva persistente em mornas horas
E de repente sinto a hora
E no veredicto bato na mesa
Antes que a sorte vá embora
E eu dou
Truco truco truco
Atrás de um blefe, eu não revelo o truque
E eu confirmo
Truco truco truco
Pois já tinha visto um sinal de falso tique
Na intenção deles roubarem-me /no truque
E o silêncio instalou-se entre todos
Ainda com algum bafo-de-onça bufando
Continuei manipulando com farto controle
As boas cartas que eu tirava sorrindo
Tão discreto era eu que meu ato mentindo
Revelava que naquele momento eu não tinha nada
E as horas passavam entre goles de tequila
E as horas avançavam junto a noite que erguia
A lua ao céu de quem já não amava mais
Aquele momento de jogo interminável
E eu provoco espanto com a minha sorte
Via que todos desejavam o meu poder admirável
E cheio de fortuna, fama e glória
Saí pela porta com um olhar humilde
Cortei ali a corda da insistente vitória