Sou preta, mãe-solteira, nordestina
E ainda trago no lombo a dura sina de olhos atentos
Supondo o que se passa na minha vagina
Julgada, questionada desde menina
Sobre as vestes a fala a melanina
Caminho torta
Um pedaço fica em cada esquina
E me recomponho feito rabo de lagartixa
Sei o que sou, mas não entendo o desconforto que causo
Sei o que sou, mas se afronta ter sorriso nos lábios
Sou a daninha do largo
E como toda vulva a minha pulsa
Mas não sou puta
E se fosse?
Sou preta, mãe-solteira, nordestina
A vida é minha, segue a tua
Zere a culpa que a perturba