Do fundo da serra grande, pelas furnas do Pari
Das rebarbas do sobrado, não distante Buriti
Distante também do tempo, há muitos anos daqui
A poeira levantada lá do céu não quer sair
Um sinal que ainda inspira
Sapateia João Catira pra poeira não cair
Os peãs da lida bruta na poeira e na geada
Marcado pelos estribos e das pedras da estrada
O arrepio da noite, na coragem redobrada
Pra quem tem felicidade no cheiro da madrugada
Os seus passos de felino
Eram pé de bailarino nas festanças afamadas
Muitas mulheres bonitas de distantes paradeiros
Buscavam o coração do famoso catireiro
Trabalhador e artista, orgulho dos companheiros
João Catira sapateava, coração em desespero
Se apaixonou por Rosinha
Que foi a sua rainha, flor mimosa do roceiro
Saudoso tempo passado de romance a amores
Alma pura da campina que o poeta dá valor
A poeira levantada pelos pés do dançador
Borda no céu uma estrela como se fosse uma flor
João Catira sapateia
No clarão da Lua cheia, dança pra Nosso Senhor