Foi de modo inocente que nos conhecemos andorinha
Toda a gente falava-te e eu mal te conhecia
Nunca te procurei mas conseguiste dar comigo
Eu precisava de companhia, tu precisavas de abrigo
Mostraste-me a primavera, há muito tempo que já não a via
Fizeste-me ver um lado que nem sequer sabia que eu tinha
Vivia a fase mais cinzenta quando nos cruzamos
A tua chegada anunciou o verde dos meus campos
Andorinha
Abre as asas e voa comigo,sabes
Tenho impressão que há quem
Não goste de me ver contigo, fazes
Ideia de como me sinto a voar nesta alturas?
Cada vez que caio parece que és só tu que me seguras
Eu sei, és frágil e voar assim é um grande risco
Mas cheira-me que se correu
Consigo viajar para outro sítio
Por isso não presto atenção
Ao que os outros me dizem
A nossa relação é incompreendida nem todos a atingem!
(Eles) estranham a tua presença fora da época
Mas adoro a inconsciência
De não sentir os pés na terra
Quem me ama desespera,quando saímos juntos
Mas está tudo sob controlo
Preocupem-se com outros assuntos
Adoro que me percebas deixas-me
Usar-te quando queira
Ultimamente só não entendo porque
É que sem querer te uso à mesma
Parece que se passa algo, não me dizes qual é o problema?
Desde que a nossa relação aqueceu tornaste-te ciumenta!
Andorinha,porque é que viras ave de rapina?
Quando vês que a primavera acaba
Começas a fazer a tua cisma
Dei-te casa, dei-te abrigo
O que é que te falta andorinha?
Não percebo o porquê dessa ira
As vezes até penso que é mentira
Quando ameaças a tua partida
Andorinha
Iniciei no verão,mas este parece estar a dar as últimas
E a esta altura tu já devias estar nas alturas
O nosso amor está mais forte que nunca
Sempre que "transamos" parece a nossa noite de núpcias
Amas-me como eu te amo?
Nossa paixão é foda!
Não sei porquê, mas é só ciúme à nossa volta
O que eles dizem não importa
O outono começou a bater à porta
E em minha casa já toda a gente nota que tu não foste embora
Obrigam-me a deixar-te partir mas isso é pedir muito
Detesto esta mania que eles têm de dramatizar tudo
Dizem que és demasiado selvagem para que eu te prenda
Aos poucos eu procuro gente que nos compreenda
Já sabia que não era o único a voar desta forma
Senão não tinha a percepção de quanta gente se transforma
No ir de uma andorinha libertina,dócil e traquina
Que vira ave de rapina quando o clima esfria
Andorinha, quando viras ave de rapina
Há sombras de abutres na minha praça
Sinto que o inverno se aproxima
Briol da noite fria
Quero voltar a minha casa
Mas a tua asa não me larga
Prende-me e não me deixa ir embora
Diz-me que a primavera não tarda
A brilhar cá fora
Andorinha
Tu diz-me, tu diz-me
Que a primavera não tarda a brilhar cá fora
Andorinha
Tu diz-me, tu diz-me
Que a primavera não tarda a brilhar cá fora
Andorinha
Tu diz-me, tu diz-me
Que a primavera não tarda a brilhar cá fora
Andorinha
Tu diz-me, tu diz-me
Tinhas razão andorinha
Mais frio é o inverno mas a primavera é linda
A luz é tão forte, dilata a íris contrai-se a pupila
Nosso amor é cego,eu fecho os olhos só para ver a vida
Ouço-te cantar, o líquido do meu tímpano
Parece um diluvio
Perco o equilíbrio no meio disto tudo
Deixo-me cair atraído pelas cores desse buraco negro
Onde nos perdemos de amores indo os dois atrás do mesmo
Consumimo-nos um ao outro, pelo máximo tempo
A eternidade da primavera dura cada vez menos
Explica-me andorinha, o porquê desta sensação
O frio mais frio de inverno, o calor mais quente de verão
Tudo na mesma estação,tudo ao mesmo tempo
Sinto que não é amor o nosso sentimento
É hábito, é vício, doença, prisão
Mais trágico foi nunca ter prestado atenção
Andorinha, afinal és ave de rapina
E eu sou a presa da tua garra
Abutres rodeiam a minha carcaça
Andorinha
Assassina, o teu ar de graça é uma desgraça
Deixa-me ficar aqui na praça
A ser exemplo da tua chacina
Andorinha