De tarde eu vorto da roça
E descarrego os cargueiro
Eu sorto a tropa no pasto
Prendo o baio no potreiro
Boto milho pras galinhas
Boto milho no mangueiro
Aparto todo o meu gado
Todo meu gado leiteiro
Depois de todo trabaio
Eu vorto pra descansá
É na soleira da porta
Que eu sento pra cachimbá
Ali eu vou me entretendo
Vendo as rolinhas voltá
Pois moram todas comigo
Nas árvores do meu quintá
Deste bando de rolinhas
Só uma não quer ficá
É uma rolinha arisca
Que muito me faz pená
Esta rolinha que eu digo
É a derradeira a passá
Deixando o ninho já feito
Pra noutro ninho ir pousá
Esta rolinha cabocla
Que passa por meu caminho
Bem sabe que neste rancho
Vive um caboclo sozinho
Se tu rolinha quiseres
Eu te darei meus carinhos
Um é pouco e dois é bão
Pra viver dentro de um ninho
Se tu rolinha marvada
Soubesse a vida cruel
Que eu vivo só neste rancho
Sem carinho de mulher
Rolinha em forma de gente
Que passa por meu sertão
Hás de cair no meu laço
Que eu fiz no meu coração
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
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