Debaixo da prata lua
em banho negro
fez a lua se ofuscar
Em plena luz da rua
um mito grego
que flutua até alunissar
Ela como cléo
Cleópatra, pura, casta
ou caída do céu
meretriz, iconoclasta
Sob a lua o cello
com o vento a lhe ressoar
embaraçando os negros belos
cellos quase a retumbar
Eu só peço a ela por hora
Ame-me, mas
só agora
Envolta na gélida bruma
a noite errática
que ela deixou anoitecer
Sutil feito pluma
em esclerose estática
(me deixou)
do crepúsculo ao alvorecer
Já que ela é o supra sumo
Me desvia do rumo
Com ela pra que prumo ?
Pra sonhar com ela, eu durmo
Eu dei a ela meu coração
mas ela quis minha alma, no ato
Eu dei minha alma então
mas ela a vendeu ao diabo
E mesmo assim eu rezo a ela por hora
Ame-me, mas
só agora
Eu sinto entre seus dentes
minha carne crua
precedendo um malogro
Seus lábios vermelhos quentes
insinuam
que essa luz é sol, é fogo
Já que ela é o supra sumo
Me desvia do rumo
Com ela pra que prumo ?
Pra sonhar com ela, eu durmo
Eu dei a ela meu coração
mas ela quis minha alma, no ato
Eu dei minha alma então
mas ela a vendeu ao diabo
E mesmo assim eu prego a ela por hora
Ame-me, mas
só agora