Primeiro foi uma simples meia
Para abrigar meu gelado pé
Era de lã, em tom de areia
Com muito esmero, tecida em crochê
Depois mamãe, teceu outra meia
Porque de frio congelava outro pé
Ficou maior, porém mais comprida
Não era tom de areia, era cor de café!
Desde aquele momento, nunca mais parou...
Sentada em frente à teve
Teceu, teceu, teceu...
Minha mãe...
Tece tudo, tudo
Minha mãe...
Tece tudo mal
Fez um cachecol comprido em que todos tropeçam
E um gorro que me aperta a cabeça
Fez uma luva bacana que uso de pijama
Porque a louca teceu com seis dedos
Minha mãe...
Tece tudo tudo
Minha mãe...
Tece tudo mal
Depois fez uma mochila que só abre embaixo
E meus cadernos se vão por água abaixo
E ainda fez um casado e as mangas são um fracasso
E "frankenstein" me chamam quando eu passo
"Por favor pare mamãe" pedi antes de pira
E ela pareceu não acreditar
E disse "filho, tá bom. Você não tem que gritar. Faço essas coisas porque te amo muito."
"E te amo, e te amo. Como a agulha adora a lã."
"E te amo, e te amo. E se não gosta, fica pra tua irmã."