Eu sou aquele que planta na terra bruta
Enfrentando a grande luta pelo sertão
Sou aquele que semeia com esperança
Trabalho com segurança e disposição
Sou aquele que respiro o romper do dia
No cabo da ferramenta enfrento o calor
Tiro o chapéu da cabeça e olho pro céu
Com fé rogo proteção para o nosso Senhor
O dia vai terminando eu volto pro rancho
Abraço mulher e filho e pego a viola
Eu acendo o meu cachimbo e desfaço a mágoa
Esperando novamente o romper da aurora
Deito o meu corpo cansado logo adormeço
Ouvindo o rangir das palhas do meu colchão
Sepulto o meu pensamento dentro da noite
E sonho com a moçada num multirão
Na hora que o galo canta eu me levanto
E faço o meu Pai Nosso e Ave Maria
Vou pra bica, lavo a cara e vou pro roçado
Espero muito contente outro fim de dia
Sou poeta, sou repente, sou lavrador
A minha pele queimada é documento
Pois cada homem do campo é um soldado
Que não deixa faltar nunca nosso sustento
O dia vai terminando eu volto pro rancho
Abraço mulher e filho e pego a viola
Eu acendo o meu cachimbo e desfaço a mágoa
Esperando novamente o romper da aurora