Quando eu tocava em bolicho pra "indiada" lá da campanha
foi virando num capricho, não sobrou mais nem pra canha
mas sempre fui "negô" macho, resolvido e bem bagual
dei de mão na oito baixo e me bandeei pra capital
me entreverei na cidade grudado na profissão
quase morto de saudade das coisas do meu rincão
deixei minha china pampeana que amo muito e quero bem
pra fazer sobrar uma grana pra voltar o mês que vem.
Me vim pra cidade a rebuscar uns cobres
sou um "nêgo" pobre mas tenho capricho
deixei meus amigos e as festas de lado
que o muito obrigado não paga bolicho.
Deixei meu cavalo baio que sonho com seu relincho
conhecedor dos atalhos quando eu ia pros bochincho
meu cachorrinho de caça, que nem dormindo sossega
cuidador dasd minhas cachaças que eu guardava nas macegas
fiquei ali bem distante das crianças e da mulher
tocando nos restaurantes a troco do tal "couver"
dormindo só na carona, comendo meio tentiado
grudado na minha cordeona pra fazer sobrar uns trocados.
Depois de uns tempos passado já não tava tão na pua
tinha juntado uns trocados mandei tudo pra chirua
sempre no mesmo compasso, fiquei mais quatro semanas
depois me mandei pros braços da minha chinoca pampeana
bonito foi a chegada, distante sessenta dias, o banzé da gurizada
e a minha china estremecia, o meu baio relinchava
vê como um bico se assanha o cusquinho farejava
na minha guampa de canha.