Xará - Estação Quinze Songtexte

"Quantas vezes eu me perguntei...
Por quê? Pra quê? Sei lá!"

Por que será que eu sou parte disso aqui?
É o verão do Brooklyn, no rolé do Spike Lee
Uma parte ainda falta, outra parte eu já vivi
É uma noite pra afundar e dez pra se redimir
Busca o ar, busca a paz, busca amor, vai atrás
Mira o sol, deixa vir pra aquecer, deixa ser
o mito faz, ela trai, o mundo cai, o que tu quer
Vamos ver e vamos ter, escrevi pra esquecer
Um copo de água clara, muita sede pra beber
Um gole de cicuta, seis anos pra aprender
Eu podia ter tentado ser tudo o que eu não fui
Eu podia tá melhor mas a música seduz
Eu sei, CD não vende ainda, o mundo vai quebrar
Eu quero uma internet, as contas vão chegar
Já é, demorou, eu tenho que lidar com isso
Orgulho tá no chão, rap é compromisso
E a escola do meu filho pra pagar é o quê
Reforço minhas convicções, vou subverter
Eu rimo pra dormir e durmo pra não me abater
Eu luto pra sair e saio pra não me render

Aaah
Coração me fez sofrer
Solidão me viu voltar
Bota fé que meu time vai vencer
Um samba em fevereiro pra cantar

Me fez sofrer
Solidão me viu voltar
Tantos são pra Jorge amar e proteger
Um samba é pra cantar

Cai as amarras no efeito dominó
Li Haile Selassie e Sun Tzu pra enxergar melhor
Anos de escola sem identificação
Mares nunca antes navegados, vinte anos vão
A bola quica, vive, a roleta gira em contramão
Deixo os inimigos irem, do contrário eles ficarão
Aí é foda, ver legal é igual o rato
Na esteira firma a meta de segunda que amanhã
é terça-feira, vidros pelo chão, drinques e neon
Solidão, vizinhança em paz, só confirmação
A volta pra minha terra é emoção e fortaleza
Os mesmos caras na estação e um monte de incerteza
Foi Tiro Inicial, agora é Shaw e Gutierrez
RD e Ténéré, agora Hornet e RR
Já foi Puma e Nike Air, agora é só de doze molas
Já foi Afrika Bambaataa, agora tudo elas rebolam
Samba é no Império, quer ver Jongo é na Serrinha
Baile charme é Viaduto, baile funk é Fazendinha
Cheira-cola e camelô, vagabundo, puta e crente
Vascaíno e flamenguista, calçadão, mar de gente



Aah
Coração me fez sofrer
Solidão me viu voltar
Bota fé que meu time vai vencer
Um samba em fevereiro pra cantar

Me fez sofrer
Solidão me viu voltar
Tantos são pra Jorge amar e proteger
Um samba é pra cantar



"Quem vê de fora é sedutor
O dia ferve, a noite cobra
O chão é cinza, o clima é seco
A paz é relativa, a pista é sinuosa
Mas pra quem quer se perder
É a Disneylândia, vagabundo"

O meu lugar também tem mitos e seres de luz
A sirene do SAMU é o Mississipi em luz
A milícia tá de frente e desce a rua
É uma ginga em cada andar e o bicho continua
Cai o rei, troca secretário, plano de governo
É a Civil que apreende as maquininhas deles mesmo
Vendaval de buceta é carro, as piranhas pulam
As pessoas, algumas não, mas as coisas mudam
Papo é de abrir, qualquer porta é pra vender
O dinheiro gira aqui e é sonho de crescer
Enquanto clínica de aborto lota e Cytotec é mato
No 9º Batalhão até soldado blinda carro
A 1% ao ano, o crescimento é controlado
Eles juram, mas sem neurose, as coisas mudam
Céu tá que é só pipa, a pista tá que é calmaria
O asfalto quase brilha, os olhos em cima é igual farol de milha
Tem que saber levar, quem cumprimentar
Tem os caratê, peculato, os panamá
À esquerda é Marechal, à direita é Irajá
Em frente Oswaldo Cruz, e é longe pra voltar
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