Wlad Borges - Mês de Agosto Songtexte

Queria eu retroceder
Fazer o tempo voltar
Pra nunca mais te ver sofrer
Nem por mim chorar
Meu braço forte, firme, meu alicerce
Filho que mata o pai, nunca esqueçe
Não puxei nenhum gatilho pra tirar a sua vida
Te matei de desgostô usando droga, bebida
Só te dei prejuízo, nenhuma alegria
Nunca te perguntei: 'Pai, como foi seu dia?'
Uma frase de carinho, de amor, preocupação
Jamais agradeci, apertei a sua mão
Abraçar nem pensar, tinha nojo do meu velho
Hoje estou aqui, chorando no cemitério
O aniversário do coroa foi, passou batido
Enquanto eu tinha bolo, brinquedo, tênis fudido
Das vizinhas eu sabia o pensamento de cada
O pai é um santo, o filho não vale nada
'Não pedi pra nascer', sempre dizia
Pois no mundo me sustenta, eu falava e ele fazia
Hoje é dia dos pais, quanta falta ele me faz
Cuida bem do seu que o meu não volta mais

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O mês de agosto é mais triste pra mim
Lágrima no rosto, saudade sem fim
Porque eu fui fazer tudo errado?
Enterrei meu próprio pai, sou o único culpado

Na escola, era um bicho só, reclamação
Advertência no início, depois a expulsão
1, 2, 3, acho que nem sei
Perdi até as contas de por quantas eu passei
O coitado, humilhado, sempre ia à reunião
De cabeça abaixada, prestava muita atenção
Supletivo, noturno, começou a estudar
'Primeiro quero aprender, pra depois te ajudar'
Enquanto o pai se esforçava pro filho ser alguém
O idiota aqui furtava de casa os próprios bens
Pra fumar, cheirar, na roda banca a firma
Que só era lado-a-lado quando eu tava por cima
Um parasita total, cê pode pensar mau
Gente boa morre cedo, o ruim fica pro final
Jogando conversa fora, eu só queria vida boa
Que porra de escola, eu quero é ser a toa
Estudar, pra quê? Ser que nem você?
Vigiar carro de rico até o dono aparecer
É triste parceiro é foda, mas lamento é só a verdade
A gente se arrepende só depois quando é tarde
Hoje é dia dos pais, quanta falta ele me faz
Cuida bem do seu, que o meu não volta nunca mais

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De cabelos grisalhos, viúvo no meu parto
Hoje fico admirando a sua foto 3 por 4
Como era lindo, magnífico meu pai
Meu herói falecido, uma lágrima cai
Não se casou, não viveu, pra cuidar da sua cria
Muita dedicação à quem não merecia
Eu na boca, nos butecos vivendo vida bandida
E ele, intercedendo, junto à Deus por minha vida
Conselhos, castigos, nada adiantaria
Na cabeça duas coisas: só fumaça e putaria
De madrugada eu chegava, sem dizer uma palavra
Ele vinha, me cobria, às vezes até me beijava
Eu nunca senti dor, nem frio, fome e sede
Mas tocava o terror, esmurrava a parede
Por comida, roupa limpa, que meu velho lavava
Depois da meia-noite, quando em casa chegava
Adoeceu infelizmente, seu mau não teve cura
Nos meus braços ele morreu, falando em formatura
Só depois fui perceber o tanto que a vida é dura
O diploma tá aqui pai, em cima da sua sepultura

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