Queimem os navios
Pisem cada vértebra do chão
Soquem o vazio
Soltem o veneno e o palavrão
Desafiem cada manhã
Ignorem noites de frio
Rezem por rimbaud
Mandem o destino começar
Rimem com furor
Mudem cada coisa de lugar
Toquem sinos, batam tambores
Emudeçam feras e hinos
Façam a revolução
Rompam, desarrumem, desacatem
Zombem de bonaparte
Desafinem, descompassem
Toda valsa sem arte
Façam troça, achem graça
Riam no desenlace
Sem miséria, sem trapaça
Lancem tudo pro ar
Rompam os varais
Ergam barricadas nos jardins
Gritem com o olhar
Salvem suas peles por um triz
Inaugurem formas de ser
Sejam um começo sem fim
Façam a revolução
Movam, desalinhem, desencaixem
Mostrem do todo a parte
Alegria e desastre
Juntos num estandarte
Ponham festa, ponham fausto
Ponham fé no que valha
Ponham febre, ponham alma
Ponham fogo no mar