Percorro à noite a Avenida Independência
Os travestis na esquina fazem-me sinais
Penso na vida, no sentido da existência
E meus sapatos pisam folhas de jornais
Por que não chuto cada poste no caminho
Não apedrejo a sinaleira que me pára
Nas madrugadas em que caminho sozinho
Pensando em nada apenas querendo chegar?
Por que não mudo a minha rota se estou triste
Por que não brota à minha frente a flor do mal
Nem de repente me aborda o dedo em riste
Hercúlea sombra de um violento policial?
Não sei porque já desisti, só quero caminhar
Até que os passos meus me levem a nenhum lugar
Encontrarei então aquilo que perdi
A minha morte que fugiu quando nasci.