Castanhinha do Pará
Que no sonho tu me lanças
Sobre o teu ombro moreno
Morena linda e criança
Enche o céu da minha boca
Com as estrelas do teu riso
Teus dentres fortes e brancos
Na fruta do paraíso
Castanhinha do Pará
Te vi no sonho que tive
Eras tu mais eu e ela
E esse sonho inda vive
Castanhim gorinha mermo
No ermo do meu cantar
És fruto absoluto
Que não pára de medrar
Castanhinha do Pará
No frescor dos seus fonemas
Num português-maranhão
Na madrugada-ipanema
Como a rosa que é uma rosa
Como o araçá de Caetano
Na primavera teimosa
Que passa em mim todo ano
Tu passas sempre por mim
E tu também, ó menina,
Naqueles jogos frutais
Que João Cabral nos ensina.
(Carimba, menina, carimba
Carimbó que nina
Com as rimas, as primas
Da minha viola
Chora curimbó que anima...)
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