Passa a ferro
Lava a roupa
Todo o dia a trabalhar
O almoço é um requinte com as sobras do jantar
Não se deixa adoecer
Não há tempo pra doença
A miséria não dá férias aos logrados de nascença
Fez de tudo pra viver
Limpou casas magistrais
Soube ser de confiança
Confiança até demais
O patrão foi um maroto
Armou-se em gingão
Prometeu-lhe muito amor
E só lhe desilusão
Faltou-lhe sempre a coragem para aceitar o compromisso
Fez um filho à desgraçada e afirmou não saber disso
Nunca deu tusto ao puto nem um beijo no focinho
Só se quis aproveitar da pobreza do destino
Vinde a mim minha avózinha
Se puderes vinde até mim
A vida não te foi fácil
Porque me deixaste assim?
Vinda a mim minha avózinha
Acorda da tua sesta
Traz o Elvis e o Herman
Vamos fazer uma festa
Esta crónica num facho
Meu avó é que não é
Se eu o tivesse conhecido dava-lhe um pontapé
Só não cagava dinheiro pois tinha prisão ventre
Era rico e trapaçeiro revelou-se uma serpente
Mas da moça ai que saudades
Foi mais que minha avó
Ensinou-me a ser eu próprio
Mas não foi a pão de ló
Levei broncas de morrer
A gritar "É pro teu bem"
Anda cá filho de Deus quero fazer de ti alguém
Reza a história que meu pai
Levou sovasde bordão
Passa a vida na rua em boémias de vilão
Tenho saudade dos beijos
Que me desde em pequenino
Mulher sábia mulher anjo
Tu mudaste o meu destino
Vinde a mim minha avózinha
Se puderes vinde até mim
A vida não te foi fácil
Porque me deixaste assim?
Vinda a mim minha avózinha
Acorda da tua sesta
Traz o Elvis e o Herman
Vamos fazer uma festa
Vinde a mim minha avózinha
Se puderes vinde até mim
A vida não te foi fácil
Porque me deixaste assim?
Vinda a mim minha avózinha
Acorda da tua sesta
Traz o Elvis e o Herman
Vamos fazer uma festa