O meu nome é João Carreiro / Conhecido no lugar /
Eu vou contar minha história / Prá vocês não duvidar
Já tou véio aperreado / Já não posso carrear /
Mas o galo quando morre / Deixa as penas por sinar
No tempo que eu fui carreiro / fui caboclo arrespeitado /
Com quatro juntas de bois / caminhava sossegado
Distancia de meia légua, quando subia o cerrado
Ai, o cocão ringidô, era dueto chorado.
Pareia de cabeçalho / Beija Flor e Muzambinho /
Pareia de boi na guia / Fortaleza e Caboclinho
Sob a guia caminhava / Riachão e Riachinho... /
Vamos simbora Sereno / Pareia de Passarinho
No riacho da Graúna / Quando meu carro parava /
Os zóio de uma cabocla / meu coração cutucava
Na vorta lá da cidade / De novo por lá passava /
E os zóio dessa cabocla / De novo me provocava...
Assim fiquemo um tempão / Cinco mês fiquemo assim /
Eu com arreceio dela / Ela com medo de mim
Um dia criei coragem / Falei com ela por fim /
Essa cabocla chamava / Corina Flôr do Alecrim
O alecrim não tem espinho / E é danado prá cheirar /
E mesmo não tendo espinho / alecrim pode magoar
Corina Flôr do Alecrim / Só soube me ajudiar /
Me prometeu mil ventura / E só me trouxe penar
Só tive um amor na vida / Tristeza me veio dar /
Fiquei véio aperreado / Já não posso carrear
Já contei a minha história / Antes de outro contar /
Onde meu carro passou / deixou rastro por sinar