Eu comprei uma boiada
Zebu de Minas Gerais
Com destino a Porto Velho
O sertão dos seringais
De trem até Mato Grosso
Depois dali não deu mais
Foi quatro peões comigo
Desviando os pantanais
Valentes por natureza
Por isso eu tinha certeza
De chegar com os animais
Setenta dias de viagem
Homem valente é um asseio
Chapéu quebrado na testa
Meu pingo mascando freio
Cinto rodeado de bala
Pronto pra um tiroteio
Remédio contra malária
De nada eu tinha receio
Miava onça no mato
Puxava o quarenta e quatro
Cortava a fera no meio
Um dia me deu tristeza
A tropa estourou na estrada
Um companheiro rodou
Passou por cima a boiada
Tirei meu laço dos tentos
Prendi ele numa armada
Puxei do meio do gado
Ja não adiantou mais nada
A tropa foi reunida
E o companheiro da lida
Morreu com a espinha quebrada
Na beira do igarapé
Enterramos o parceiro
Nossa jornada seguiu
Mas ficou o companheiro
Chegamos em porto velho
Vendi o gado a um fazendeiro
Pra esposa do finado
Entreguei todo o dinheiro
Me despedi da peonada
Nunca mais toquei boiada
Em homenagem ao tropeiro