O prédio dessa rua se cansou de ser inerte,
Quis a pressa dos pedestres, convenceu o alicerce,
Tantos lhe cabiam dentro, quis caber dentro de alguém,
Desarranhou o céu, desmoronou no chão;
O prédio dessa rua emudeceu toda essa gente,
Ponderou a travessia, tropeçou em acidente,
Na rua desse prédio, não há nada de concreto,
No concreto dessa rua, não há nada desse prédio;
E lá se foi, desnorteado e descontente,
O céu da boca do pedinte virou mar de aguardente,
Já não havia sombra, mas se abriu um horizonte,
Nunca houve teto, mas havia algo concreto.