(1984)
1
Sertanejo quando canta, curió desafinou
Tem na ponta da língua seu dote; no peito, máguas de amor
Brasileiro quando é prosa, sai de baixo, seu dotô
Dá conversa fiada de troco, digna de mercador
2
Morena, fulô da mata, cheiro de manjericão
Bate pique, picada de cobra, passa, passa, gavião
3
Se deus fosse brasileiro, Cristo era cantadô!
De zabumba, sanfona e viola, quebra-coco, agogô
Minha terra tem porteiras, pra que tanto esplendor?
Pirulitos, meninos descalços, meu cavalo refugou
4
Morena, fulô da mata, cheiro de manjericão
Bate pique, picada de cobra, passa, passa, gavião
5
Quando o trem apitar, que já passou do pontilhão
Voltarei, voltarei, mesmo não sendo São João
Cada casa um cozido estalando no fogão
A cidade fica do outro lado, no esquerdo o coração.