Caricatura dessa vida dura
Trabalhador que vive
sempre na pindura
E a utopia que nesse bacana pia
Que também vive em
cana em plena utopia
Que seja o presidente americano
O chefe dos moicanos
O bardo ucraniano
Está todo mundo
entrando pelo cano
Do eldorado além
da graça e dos enganos
É.. vai tudo pro mesmo ralo
É.. por isso que eu
nem me abalo
É.. vai tudo pro mesmo ralo
É.. no hip hop do ralo
E a fonte viva dessa vida torta
É mesmo o paraíso que
não se suporta
Que nos exporta pelo mundo afora
E que nos importa
quando chega a hora
Cadê o faraó, cadê, cadê Platão?
O lindo papo estóico
do beat doce heróico?
E aquele bando macho de Lampião?
Tudo virou poesia,
história ou histeria
E na vertigem da total
consumação
Sou mais o coração,
carrilhão do universo
E se meu verso
lhe parece confusão
Não viste o coração,
profusão dos inversos
Menina doce por quê
cede à arrogância
Se tudo é só fragrância,
assombro ou canção
Ninguém é pobre ou
rico lá no fim da dança
No carnaval da paz
do olho do furacão
Hip hop hip hop hip hop do ralo...
Nós somos os cantautores
Essa é pra você se ligar
Cantores , autores, trabalhadores
A voz do morro que não mora lá
Malandro esperto já se liga
Eu vivo muito e morro pouco
Pois quando a onda é de sufoco
Eu deixo pra surfar depois
Pois sou mais eu, eu sou mais ela
Que barbariza, barbarela
Meu coração quase uma tela
De Van Gogh sem orelha
Eu to na telha, gato preto
Em sexta feira de terreiro
O santo desce em todo gueto
É Sampa, é Rio de Janeiro
?Alea jacta est?*
*A sorte está lançada ? frase do imperador
romano Júlio César, 49 A.C.