Eu quero andar contra o vento
e que ele leve todo o suor
dos trabalhos que não gostei
para sempre esquecê-los
Eu quero andar contra a luz
e que ela me mostre o que ficou para trás
e que me mostre os percalços em que tropecei
Eu quero andar descalço
e encontrar impressões verdadeiras
Sabedoria virá com as bolhas
mesmo que tardia seja
Eu quero andar lado a lado
pra ser barreira e não fila
A alguns não daremos ouvidos,
que se percam na trilha
E com o silêncio aprendam
Se não têm poesia
E com o silêncio aprendam
Que se percam na trilha
Vou explodir de dentro
E que o brilho seja forte
Do relâmpago ao estrondo
Da fraqueza à morte
Vou atirar nas flores pretas
do meu tormento
e naquilo que me irrita:
verdades passageiras
Vou queimar vaidades
seja de que amigo for
meu sustento é fogo
minha adaga é a poesia
Eu quero andar lado a lado
pra ser barreira e não fila
A alguns não daremos ouvidos,
que se percam na trilha
E com o silêncio aprendam
Se não têm poesia
E com o silêncio aprendam
Ou se percam na trilha