Michel F.M. - 15 Pras 8 Em Hiroshima Songtexte

Numa segunda-feira fresca de agosto,
Novidades repetidas soavam no rádio.
Asami despertou, com o assovio
Angelical dos rouxinóis.

Lavou seu rosto na bacia,
Escovou os dentes,
Arrumou seus lençóis,
Calçou os sapatos de feltro,
Após colocar as meias de algodão,

Seus tornozelos doloridos,
Um repuxão, devido à queda do balanço.
Mas surgia um novo dia,
Ela enrolou seu lenço no pescoço,

Mostraria àquele parquinho,
Quem era a menina das acrobacias,
Desceu as escadarias, ligeira;
Na mesa comida típica,

Um desjejum de algumas delícias.
Mamãe abotoou a gola de linho,
Penteou seus cabelos, fez carícias,
Regou as plantas com carinho.

Colheu um ramo de cerejeira,
Organizou a estante, os bibelôs
E as porcelanas na penteadeira;
Encostou as tramelas dos vitrôs.

A esta altura estava atrasada,
Asami ficou sem carona,
O ônibus passou na estrada,
Teria ela uma maratona.

Uma milha a pé caminhou,
Pelo bosque sacro andou,
Uma árvore de Ipê avistou,
Cruzando a praça e a venda.
Comeu algumas guloseimas,
Ao colégio chegou pra merenda.

Ás 15 pras 8 em Hiroshima,
Asami despertou, com o assovio
Angelical dos rouxinóis.

Enquanto isso, no extremo
Oposto do planeta,
Magnatas despertaram
Obstinados a uma ordem.

Nunca viram seu rosto,
Não sentiram o gosto do café,
Esqueceram que existe pureza,
Tornaram-se escória, ralé.

Num abismo ruiu o humanismo,
Perpetuou-se o sacrilégio,
Entre o maligno e a bondade,
Um eterno conflito cego.

Asami alcançou a imortalidade,
Mártir por sua alvura e conchego.
Mamãe nunca mais arrumou sua gola,
Asami nunca mais, calçou seus sapatos
E foi à escola.

Ás 15 pras 8 em Hiroshima,
Asami despertou, com o assovio
Angelical dos rouxinóis.
Ás 15 pras 8 em Hiroshima,
Asami despertou...
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