Cobrindo o terçol ficavam os óculos escuros
Pra sustentar as grossas lentes carregava um narigão
Em forma de sifão, com uma verruga entre os furos
E larga cicatriz de velha briga com o irmão
Entrou no templo pra fazer uma promessa
Queria por um fim à sua vida de tormento
Pedia a algum Santo que o tirasse dessa
Estava até disposto a investir os 10%
Ajoelhou, botou a boca no trombone
Botou a mão no bolso pra fazer o cheque
"Cheque só com consulta de telefone,
Acima de 100 ainda leva um pé-de-moleque"
Antes que a fé cegue é melhor pagar pra ver
(Se não pagar não vai entrar, se não pagar não vai entrar)
Antes que a fé chegue e não encontre o que fazer
(Se não pagar não vai entrar, se não pagar não vai entrar)
Antes que a fé cegue é melhor pagar pra ver
(Se não pagar não vai entrar, se não pagar não vai entrar)
Antes que a fé chegue e não tenha nada pra fazer
Ganhou a rua com a alma lavada
Dali pra frente era apenas esperar tudo de bom
Cumprir sua promessa era uma barbada:
pendurar algumas faixas decoradas com Crepom
Quem sabe faz, quem não sabe agrada o Santo
Pra ver se qualquer dia vem a retribuição
Quem não se entrega não merece tanto
Quanto mais gordo o cheque, maior é a devoção
Passado algum tempo nada tinha melhorado
Aparentemente tinha feito tudo certo
Mas logo descobriu o que estava errado
O Santo reclamou que o cheque estava descoberto
Antes que a fé cegue é melhor pagar pra ver
(Se não pagar não vai entrar, se não pagar não vai entrar)
Antes que a fé chegue e não encontre o que fazer
(Se não pagar não vai entrar, se não pagar não vai entrar)
Antes que a fé cegue é melhor pagar pra ver
(Se não pagar não vai entrar, se não pagar não vai entrar)
Antes que a fé chegue e não tenha nada pra fazer