MCK - A Téknika, As Kausas e As Konsekuências (Seii Lá Quê) Songtexte

Cidadão angolense acorda antes que o sono t'enterra
Se deres ouvido a minha poesia conhecerás a cara e o nome do mosquito que nos ferra
Saberás que a causa do caos do povo não foi apenas a guerra,
O quotidiano mostra a cor da corrente que nos cerra:
Preto em baixo, vermelho em cima e amarelo no meio,
Envolvida por anéis d'utopia na parte externa.
A inocência fabrica e multiplica as vítimas da escravidão moderna.
Como a massa desconhece a técnica da m.anipulação p.opular de l.ixamento a.ngolense ninguém sente o peso da algema.
O teu caso é uma prova visível da arte dos lobos, os teus argumentos são frases incompatíveis da filosofia suprema,
Não tens abrigo, procuras emprego há séculos mas continuas fiel ao sistema.
Estás preso, sob uma frequência de controlo automático de grades invisíveis (eles traçaram o teu futuro no ventre da tua mamã!),
Sofres diariamente, não sabes como reclamar,
As armas calaram mas o teu estômago continua em guerra,
A luta começa no dia do teu parto, com a primeira gasosa que os teus pais pagam à equipa médica em serviço e só acaba com o último batimento do teu coração!
Guerra é luta e luta é mesmo isto!
A tua esperança anda mais de 40 anos no verão
E afastaram-te dos livros desde criança, aos 12 anos uniram-te às cervejas
Encheram o teu fim-de-semana com maratonas e deram-te uma educação mutilada! Aniquilaram o teu espírito de revolta com igrejas!
Tens uma década de escolaridade, sobre a vida não sabes nada.
Cultivam em ti o medo que semearam nos teus pais.
As tuas atitudes dependem da rádio e da televisão,
Já sei que não vais compreender o refrão,
Isto é uma figura de estilo irónica, pede explicação.

Tira a poeira das vistas, abre o olho mano,
Desliga a televisão, rasga o jornal e analisa o quotidiano,
Vai em busca da realidade do modo de vida angolano.
Irmãos, qual é a liberdade que nos deram se a arrogância política não cessa?
Quem fala a verdade vai p'ó caixão, que raio de democracia é essa?
Nos livramos dos 500 anos de chicote mas não utilizamos a cabeça,
Depois da queda do colono, em vez de uma independência deram-nos quase meio século de má governação,
Hoje os dirigentes estão com as imagens gastas porque o poder não regista circulação,
Criticam os professores e enfermeiros por causa da corrupção,
Esquecem-se do orto da estabilização.
Somente os da esquerda sabem que o erro parte do organigrama padrão,
Transcrevendo um processo hierárquico torto até ao último escalão.
Parem de agitar as gasosas aos polícias, as kinguilas não são as culpadas da inflação,
A causa do sofrimento angolano reside na filosofia do desumanismo,
Na política do egoísmo, na artimanha do estrangeirismo.
O modo de vida luxuoso da burguesia faz parte do processo palpável do vosso egocentrismo.
Assim como os donos dos colégios pertencem ao ministério da educação, os donos das clínicas privadas pertencem à saúde.
O que m'irrita não é a cara do indivíduo, é a atitude,
As vossas acções demonstram a extinção da virtude.
Ignoram o papel do estado em benefício das vossas necessidades,
O dinheiro que restou das vossas contas bancárias está todo investido em “projecteis”,
Prometem-nos um amanhã melhor com escolas sem giz.

Graças à Deus escapei da artimanha estratégica,
Tive a sorte de não ser mais uma vítima dos “frangos da bélgica”,
Mas como os efeitos da “téknika” geram várias tendências,
Fui psicologicamente afectado por outras “konsekuências”:
A multiplicação da ganância e a soma da luta armada
Ofereceram à pátria a dor infinita e a miséria avançada,
Exportamos o petróleo, importamos o sofrimento,
Ganhámos 7 campeonatos de guerra no último decénio
Perspectivava-se novo título neste milénio.
“A vitória certa” pintou luanda de deslocados nas curvas,
Perdemos soldados mas ganhámos viúvas!
Somos os maiores importadores de pares de muletas dentro e fora do mundo luso,
As vacinas da pólio não reduzem o elevado número em uso.
Dizem querer desenvolvimento p'rá nação,
Com 1 médico p'a mais de 90 pacientes e 1 mina p'rá cada cidadão?
Indústrias paradas, 4º lugar da corrupção.
Ganhámos o prémio nobel do paludismo e da malária,
Gastámos o dinheiro na compra d'audis recentes e comemos o arroz estragado das ajudas humanitárias.
Somos uma potência de deslocados, mutilados, desmobilizados, refugiados, enfim...
Vivemos tantas atrocidades porque os políticos querem assim.
Temos máquinas de guerra com equivalência de 10 escolas,
Promovemos o analfabetismo,
A falta de espírito de paz gerou desumanismo.
Han... Temos mais armas que bonecas,
Menos universidades que discotecas,
Mais cantinas que bibliotecas,
O povo conhece a verdade mas cala o velho ditado diz: “o silêncio também fala”!!
Sei la quê wawê (8 x)
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