A milonga retempera
Mistérios que trago em mim
Abre horizontes sem fim
Dá asas aos meus anseios
Quando entropilha floreios
No encordoado das guitarras
Por isso quando eu escuto
O som que a identifica
Sinto que me comunica
Com as paragens serenas
Onde aprendi que das penas
Nascem os nossos cantares
Revejo essas paisagens
Que guardei em mim por certo
Me sinto no campo aberto
Anoitecendo ao relento
Os pastos silvando ao vento
Meu pingo à soga por perto
Enxergo "tajãs" aos pares
Revoando nuvens esparsas
Diviso bandos de garças
Num horizonte infinito
Escuto o eco do grito
De algum bugio montaraz
Lembro o relincho da eguada
Na liberdade do pampa
Ouço entre-choque de guampas
Da tropa quando dispara
E sinto o vento na cara
Vir prenunciando tormenta
A pureza de água benta
Na oração de seu compasso
E desse exílio que abraço
A minha alma desperta
Galopa de venta aberta
Nos campos do Touro Passo
A milonga se fez china
Nos fogões das Cisplatinas
Pra viver com a gauchada
E o gaúcho, em sua glória,
Peleando fez nossa história
Co'a milonga engarupada
E desse exílio que abraço
A minha alma desperta
Galopa de venta aberta
Nos campos do Touro Passo