Quero sair pela rua e quem sabe encontrar alguém
Que queira me ouvir revelar o que a luz da razão não diz
Quero um ombro pra confessar,
Dizer que eu não ligo se alguém me vê chorar
Quero olhar o mundo inteiro da minha janela e não ver
A vida passar como num filme que nem sequer tem final feliz
Quero lançar estrelas no chão,
Pra não me perder pelo asfalto da rua sem teu clarão
Quero as chamas dos lampiões a gás
Clareando a noite sem pretensão
Enxergar o brilho do nosso amor
Bem mais que a luz que emana agora dos castiçais
Quero me embrenhar nas florestas, umbrais, porões, quintais
Mergulhar em abismos, abraçar o sol feito aprendiz
Quero a mão de deus a me embalar
Nas horas difíceis em que a saudade apertar
Quero poder te amar sem medo e sem qualquer pudor
Sem rancor, ainda sorrir, mesmo que a hora seja de partir
Quero um novo sonho a cada manhã
Trazer de volta o menino e o gosto de hortelã
Quero as chamas dos lampiões a gás
Clareando a noite sem pretensão
Enxergar o brilho do nosso amor
Bem mais que a luz que emana agora dos castiçais