Sempre que as cordas dedilho
para empessar um relato
me lembro de Dom Mulato
puro cerne de espinilho
Uma Estampa de caldilho
Sábio de Tanto Andejar
e uma luz a iluminar
sua vida nos rigores
poeira de mil corredores
quero ali te escovar
e assim seguia tropeando
cruzando num pampa e noutro
com botas, garrão de potro
e a chilena tilintando
e quando ia decambando
rompendo a noite ao seguir
com um palheiro a luzir
mascando léguas ao tranquito
era um centauro solito
bombeando a pátria a dormir
ser tropeiro era destino
que trouxe como um sinal
correr boi num banhadal
deste rio grande teatino
numa parte era latino
com aquele pala arreiudo
encostava seu lubulo
e dando de mão na cola
ia pechando pachola
nas paletas de um turuno
nas rondas dos descampados
rondava luas vaqueana
cantava toadas pampeana
de cima do seu bragado
gauchão e entonado
sempre proseando com a tropa
quando a pratica se ensopa
na sua vivencia campeira
ronda uma tropa ligeira
não é que qualquer europa (oropa)
e quase no fim da vida
o tempo envelhece tudo
foi domando curnilhudo
pigaços pra toda lida
com maestria e medida
seguiu culpando sua fé
e num pingo pangaré
ultimo olhar deste lado
morreu só e abandonado
na vila do m'bororé
com este tento eu arremato
esta presilha altaneira
uma milonga campeira
chego ao fim do meu relato
e assim cantei dom mulato
sem pedir aplauso ou palma
e na sua tumba calma
joelho esta preçe crua
uma saudade charrua
engarupada na alma