Na cidade grande um preto pobre suburbano
Comendo só migalhas, sobrevive mais um ano
Sua classe social é um obstáculo invencível
Largado em qualquer canto, como um bicho desprezível
Jogado pelas ruas, sem direito e sem escolas
Doente e fudido, tem até que cheirar cola
Sua mente ficou frágil como um papel molhado
Pelo grilhão da miséria continua escravizado
A sua senzala é a rua, o senhorio é o preconceito
Sem folclore, sem cultura, sem respeito por si mesmo
Entre a miséria e a riqueza, não se acha o meio-termo
Desigualdades, diferenças é tudo que vejo
Ele falou, me ajude senhor
E ajoelhou, pra amenizar sua dor
Ele falou, me ajude senhor
E ajoelhou, pra amenizar sua dor
Enquanto que na rua vai tentando se virar
Políticos corruptos, champagne e caviar
Escolheu a vida honesta e só conhece o revés
Criminoso com diploma tem o sistema à seus pés
Desequilibrando a estrutura social
Só visando lucro, sem respeito e sem moral