O brasedo invade cernes
Há um lúcido momento
Berra uma estrela perdida
Nublada de sentimento
Clareiam fogões guardados
No galpão do pensamento
Rodilhas enfumaçadas
Do palheiro vão à quincha
se rebolda uma esperança
E uma saudade relincha
No maneador do meu verso
Pastando à lu de uma frincha
Brotam imagens de ontem
Pelas lembranças cansadas
Preguiça nas silhuetas
Que surgem nas madrugadas
Morrem sonhos, nascem rimas
Pelos sinais das estradas
Há quietude nos lombilhos
E nas barbelas dos freios
Sesmarias encolhendo
Por atropelos alheios
Crescem pastos e macegas
Nos pelados dos rodeios
As léguas formam rasuras
Nas vibrações sensitivas
Pelos pousos das estradas
As nossas razões mais vivas
Apearam ponchos e malas
Das ancas das comitivas
Pelas pastagens de tropas
Ouço o troar dos motores
silenciaram os cincerros
Andejos dos corredores
E os relinchos das quadrilhas
No ritual dos matadores
Acenam vultos heróicos
Na ausência dos manotaços
Cambona longe dos tentos
Bretes enrodilham laços
E os buçais estão fugindo
Das mãos canhotas dos braços
Já não esvoaçam crinas
Nos turumbambas de patas
Apenas luze a história
Pelas bombilhas de prata
Falam vozes ancestrais
Por cochichos de alpargatas
Emborcadas pelas sombras
Açudeiras mariposas
Demarcando a caminhada
Para o fim das nossas cousas
Há um escarcéu de memórias
Pelos inscritos das lousas