Já não sou apenas chão, agora virei sapato
Também te calco
Amanhã pessoa, produto da vida boa
Resultado fraco
És a humidade que me dói os ossos
e me faz pensar que amanhã é dia de chuva
Desculpa bailarina se penso que nem tudo
se resolve com o teu jogo de cintura
Caminhar de bicos de pés é só uma forma diferente de calcar
Ainda há cortinados compridos que estás a magoar
Sempre me fizeste pensar que o amor
era o vestido certo na rapariga errada
Juro que tentei ser sol
em dias de trovoada
Por quereres sempre mais
percebo que querias melhor
Eu nunca te dei as frases que todos sabem de cor
O que procuras em mim
está numa montra a qual não ofereço atenção
Estorva a quem sempre teve olhos por coração
Não trago comigo o que necessito
mas o que penso precisar
E tu bailarina
Não és mais carga que faça sentido transportar
És o risco que me estorva o esboço
Amanhã serás, senhora sem moço
Faz tempo que sei não fazer parte
do teu mundo de arte
Dos teus dias de culto
Dos teus sonhos em tumulto