Laécio Beethoven - O Mercado do Talento Songtexte

O MERCADO DO TALENTO

Laécio Beethoven

De tudo se compra, vende,
Troca, empresta, negocia.
Concerta, modela, arranja,
Em parcelas financia.
Diz o anúncio barato
Conforme descrevo o fato
De uma feira de avaria.
Como o mercado modelo
Um negócio de talento
Artistas do mundo inteiro
Descontos de cem por cento
Sem as normas da censura
Entre ofertas e procuras
Ciganas liam pensamento
Na fila da afinação
Encontrei com Margarete
Na banca da gritaria
Estava todo chiclete
Na seção de ex-marido
E amor não correspondido
Quem dava o preço era Ivete
Vendia a fórmula mágica
De como fazer sucesso
Emprestou a São Gilberto
Sem pedir mais em regresso
Toda a nojeira do mundo.
Na prateleira do fundo
Rei Davi vendia progresso
Pierre da frança queria
Comprar três bons "a-bê-cês"
(tem gente no meio artístico
Precisando aprender)
Pra dar a menino Bambam,
Solange e à moça do tchan
Ou pensava em revender
Numa sala reservada
Como tem na locadora
Os produtos eram bundas
Cada qual mais sedutora
À espera do atendimento
Exigia-se documento
C.G.C. de emissora
Num salão bem especial
Seletos e talentosos
Artistas de nacional
Renome, porém idosos,
Exibiam habilidade
Em troca queriam a idade
De pagodeiros fogosos
Foi lá que me defrontei
Com a troca da putaria
Derci que ofertava chingões
Fausto arrendava ousadia
Caetano comprando frescura
João relocando gordura
Zé Bim só juntou baixaria
No bolo do troca-troca
Surgiu num breve segundo
Um caçuá de letras pebas
Compostas por vagabundo
Um recheio de pinico
Trocadas pelas de Chico
Teria o lucro do mundo
Era um tome lá dá cá
Um entra e sai de cantor
Pra fazer carreira solo
Um cento se separou
Lascado e sem recibo
Chora o babado perdido
É comércio sim senhor
Todos tinham para ouvir
Todos tinham pra dizer
Elba por hora deixou
Pra Daniela vender
A voz de um agudo tétrico
Cantando no trio elétrico
As ações iriam render
Um esmolé pechinchou
E conquistou como posse
A sengracensa da Xuxa
A fé de um vigário Rossi
Na panela que dá, dá!
Dinheiro vi cozinhar
Que provar então almoce
O cantador Azevedo
Ninguém quis reconhecer
Eu que nunca tive medo
Nem ouro pra oferecer
Se com ele encontrasse
E o talento me emprestasse
Estudava com prazer
Um mago só oferecia
Uma porção milagrosa:
Ressuscita banda velha!
Uma galera escandalosa
Bebendo e voltando ao palco
De brinde, potes de talco
Pra face demais rugosa
Igual a gato por lebre
Botaram o preço da fama
Na vitrine do sucesso
Juntaram comédia e drama
Na calçada da cultura
Quem não tinha estrutura
Escorregava na lama
É claro que todo artista
Que pela feira passou
Tinha talento de sobra
Mas por certo não levou
Medo de ser assaltado
Por ator desempregado
Quando o tablado quebrou
Disse um Luther procurado:
Esse ventre não fecunda
Menezes não tem remédio
Prossiga com dandalunda
E casos com ex-marido
É problema resolvido
Esqueça mexendo a bunda
Não tenho como afinar
Artistas com avarias
Aponto a feira-do-pau
Onde pode ter valia
Na feira de são Joaquim
Troque por papa-capim
Ou por torneira de pia.
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