Eu sou aquele que muitas vezes lá na paineira feliz pousei
Ouvindo as queixas daquele homem que na paineira eu encontrei
E quando um dia por lá passava aquele homem morto eu achei.
Lembrei-me então de seu pedido junto à paineira o sepultei.
Noutra viagem por lá passando uma mulher chorando eu vi
Que perguntou-me - a cruz mostrando – “moço, me diga quem dorme aqui”
Eu disse a ela: “ é um pobre homem que há muito tempo morreu de amor
Como pediu-me fiz sua cruz com um galho desta paineira em flor”.
E ela disse por entre prantos rolando tristes dos olhos seus
Fui eu que um dia deixei gravado nesta paineira o meu adeus
Hoje voltei arrependida para com ele me encontrar
Mas cheguei tarde porque uma cruz é só o que resta em seu lugar.
Segui tocando minha boiada naquela estrada não mais voltei
Talvez que hoje tenha outra cruz junto daquela que lá deixei
Talvez daquela paineira velha duas paineirinhas vieram brotar
Iguais as almas dos dois amantes que ali juntinho vieram morar