Um dia loco de bueno de piquetear o cavalo
Qualquer serviço na estância, se ocupa ao cantar dos galos
Ajujo a erva do amargo, com galhos de maçanilha
E amanso a vista do encargo, no engorde d'uma novilha
A rês está de sobreano e a vida é quem faz sinuelo
Pra quem tropeia na lida, e ainda aparta rodeio
Costeando algum gado manso, acalmo xucros e ariscos
E agrupo junta à mangueira, as xergas do meu ofício
Assento bem os arreios, pro pingo não velhaquear
Pelego, carona, lombilho, cincha, badana e buçal
Com pose de capataz, torcendo as tiras do sovéu
Aparo as barras do dia, debaixo do meu chapéu
No santa-fé do galpão, sinais de algum picumã
Tenteando a alma da prosa, e as garras do amanhã
Maneando as mãos da saudade, pampeana dos milongueios
Lonqueio o pêlo do couro, pra um barbicacho campeiro
Assim tordilho as melenas, mermando o pêso do corpo
E afrouxo o pé no estribo, templando os ferro no potro
E nunca entrego os pelegos, compondo algum parelheiro
Na cancha reta da vida, dou trena, inflando o peito
Talvez num final de tarde, talvez num clarear de dia
Eu deixe a porteira aberta, pro campo lamber a cria
Talvez montado à capricho, talvez grudado nos bastos
Batendo o laço na cola, com a soga quebrando o cacho